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domingo, 3 de março de 2013

Coisas que ela aprendeu com a vida



Ela nasceu, uma mocinha charmosa e fofinha.
Ela foi crescendo, aprendendo e sendo cuidada pelos pais.
Ela fez seus primeiros amigos, ela teve suas primeiras decepções.
Ela teve seu primeiro grande amor, que na verdade não era bem um amor.
Ela jurou nunca mais se decepcionar, nem com amigos nem com amores.Ela se machucou: arranhões e feridas, e ganhou cicatrizes.
Ela não quer mais brincar com coisas perigosas que possam a machucar,
ela é prudente, se faz de forte quando está fraca, pq não pode contar com ninguém
e se faz de fraca quando está forte, só pra saber quem está com ela.
E ela segue a vida desta forma, se arranhando e ferindo em novas aventuras,
porque das velhas, já bastam as suas cicatrizes feias.
Talvez ela se prive de viver, brincando com coisas seguras
Talvez ela perca grandes oportunidades na vida.
Mas talvez para ela, o mais importante seja que está tudo no lugar.
Tudo nos conformes, seguindo o ritmo que ela quer,
que tudo está no lugar onde ela mesma pôs,
e que se não estiver, ela sabe onde e com quem está.

Quem sabe demore pra ela achar o verdadeiro grande amor,
mas é seguro pra ela avaliar todas as mínimas chances de se machucar.
Quem sabe em uma relação entre amigos, ela prefira se abster, mesmo que certa.
Isso não é ruim, ela tem a sua concepção, só não quer confrontar
e se ferir, e se magoar. 
Porque pra ela, uma mágoa dói no coração, dói na mente, dói na alma, dói no corpo
dá nós na garganta, causa lágrimas incontroláveis, dá uma raiva incalculável
raiva de saber que foi boba de confiar a alguém a sua felicidade, os seus planos.
Ela não pode se dar ao luxo de depender de ninguém.
Ela prefere chorar de emoção, programar suas lágrimas,
ela prefere ficar lacrimejante com amores de tv e de livros, a chorar com os seus.

E isso não quer dizer que ela esteja triste, quer dizer que as lágrimas
são um escape para as impurezas que sua alma capta e precisam ser feitas de maneira regulada.
Ela aprendeu a politica da boa vizinhança, ela aprendeu o 'sim sim, não não'
não existe talvez pra ela. Ela trabalha com certezas.
Se ela não consegue certezas dos outros, ela mesma as cria,

ela descarta pessoas da sua vida, sem que elas saibam.
Ela desfaz amizades automaticamente.
Ela se tranca e cria o próprio mundo, por dentro dela.
Mas ela não dá a ninguém a chance de dominá-la.
E quando isso acontece, e ela se apaixona, ela fica sem norte.

Sem sul, sem leste e oeste. E no mundo que ela criou,
feito de nuvens rosa de algodão doce e estradas azuis de goma com fontes de chocolate meio amargo,
tudo perde o motivo de ser. 
Ela não tem vontade de chorar, nem deixa-se sentir amando,
mas ela pede pra que tudo acabe de uma vez, sem doer...
Ela está esperando um fim, não uma continuidade.
E quando tudo volta ao normal, ela pode sorrir outra vez,
porque em seu mundo interior, está tudo bem novamente,
o mau que tentava entrar pelas muralhas deste mundo, já se foi.
E ela segue o caminho, na vida exterior, se magoando com menos intensidade,
com indiretas, indiferenças, frases, sumiços, desculpas idiotas,
desencontros, infidelidade, e muito mais insegurança da parte dela.
Pergunto: ela está certa ou está errada?
Das coisas que ela aprendeu, pessoas são ruins, relacionamentos pedem segundas intenções,
amizades tem prazo de validade e nível de confiabilidade, 

e ao cair, ela prefere se levantar sozinha a receber a ajuda da mão de alguém
(Ela espera rizadas e deboches ao fundo)

Ela pode se levantar e limpar a poeira da roupa,
passar a mão pelo ralado do joelho, apanhar as coisas que deixou cair
e continuar o caminho, sem olhar pra trás.
Das coisas que ela aprendeu, tudo foi proveitoso e contribuiu pra que ela devesse a si mesma a sua felicidade.